sábado, 28 de agosto de 2010

EDUCAÇÃO INCLUSIVA


(Tradução e adaptação de Romeu kazumi Sassaki, 1998)

Os alunos freqüentam classes comuns com colegas não deficientes da mesma faixa etária. Este princípio assegura aos alunos deficientes e não-deficientes a oportunidade de aprenderem uns sobre os outros e reduz o estigma experienciado por alunos que estavam separados anteriormente.
O professor ensina a todos os alunos, ou seja,, o professor tem a responsabilidade de educar tanto as crianças sem deficiência como aquelas com deficiência. Tem também a responsabilidade de assegurar que o aluno deficiente seja um membro integrante e valorizado da sala de aula.
Currículo adequadamente adaptado, isto é, na educação inclusiva significa que os alunos com deficiência estão sendo ensinados no mesmo contexto curricular e instrucional com os demais colegas de sala de aula. Materiais curriculares comuns podem precisar ser adaptados, mas somente até o nível necessário para satisfazer as necessidades de aprendizagem de qualquer aluno.
Métodos instrucionais diversificados: são aplicáveis às classes de hoje, marcadas pela diversidade humana, os seguintes métodos: instrução multinível, a comunicação total, a aprendizagem por cooperação, aprendizado baseado em atividades.
Colaboração entre professores e outros profissionais: a tendência para uma maior colaboração e apoio mútuo entre professores e a preferência dos terapeutas e consultores em oferecer apoio na própria sala de aula em vez de retirar alunos de lá beneficiam a prática educativa em geral e a educação inclusiva em particular.
Inclusão do aluno na vida social da escola: são partes importantes da educação inclusiva os relacionamentos e interações sociais. Assim como os demais alunos, aqueles com deficiência também precisam participar da vida social da escola. Quanto mais presentes estiverem esses componentes, maiores serão as chances de que a escola incluirá crianças e jovens com deficiência.

ATITUDES INCLUSIVAS FUNDAMENTAIS EM EDUCAÇÃO

Todo educador comprometido com a filosofia da inclusão. ..
• está mais interessado naquilo que o aluno deseja aprender do que em rótulos sobre ele.
• respeita o potencial de cada aluno e aceita todos os estudantes igualmente.
• adota uma abordagem que propicie ajuda na solução de problemas e dificuldades.
• acredita que todos os educandos conseguem desenvolver habilidades básicas.
• estimula os educandos a direcionarem seu aprendizado de modo a aumentar sua autoconfiança, a participar mais plenamente na sociedade, a usar mais o seu poder pessoal e a desafiar a sociedade para a mudança.
• acredita nos alunos e em sua capacidade de aprender.
• deseja primeiro conhecer o aluno e aumentar a sua autoconfiança.
• acredita que as metas podem ser estabelecidas e que, para atingí-Ias, pequenos passos podem ser úteis.
• sabe que ele precisa prover suportes (acessibilidade arquitetônica, atendentes pessoais, profissionais de ajuda, horários flexíveis etc.) a fim de incluir todos os alunos.
• está preparado para indicar recursos adequados a cada necessidade dos alunos, tais como: livros, entidades, aparelhos.
• sabe que a aprendizagem deve estar baseada nas metas do aluno e que cada aluno será capaz de escolher métodos e materiais para aprender as lições.
• sabe que, nos programas de alfabetização, os seguintes métodos são eficientes: redação de experiências com linguagem, histórias e outros textos sobre temas que o aprendiz conhece; alfabetização assistida por computador; material disponível no cotidiano do público; leitura assistida ou pareada usando livros convencionais e livros falados; debate após atividade extra-classe; coleção de histórias de vida dos próprios alunos; uso da lousa para escrever um texto em grupo; colagem com recortes de revistas, entre outros.
• fornece informações sobre recursos externos à escola e intermedia a conexão com pessoas e entidades que possam ajudar o aluno na comunidade.
• estimula outras pessoas importantes na vida do aluno a se envolverem com o processo educativo.
• é flexível nos métodos de avaliação dos alunos.
• utiliza as experiências de vida do próprio aluno como fator rnotivador da aprendizagem dele.
• é um bom ouvinte para que os alunos possam falar sobre a realidade da vida que levam.

ENVOLVIMENTO DA FAMILIA NAS PRÁTICAS INCLUSIVAS DA ESCOLA

Ocorre envolvimento da família nas práticas inclusivas da escola quando:
1. Existe, entre a escola e a família, um sistema de comunicação (telefonemas, cadernos etc.) com as quais ambas as partes concordam.
2. Os pais participam nas reuniões da equipe escolar para planejar, adaptar o currículo e compartilhar sucessos.
3. As famílias são reconhecidas pela escola como parceira plena junto à equipe escolar.
4. Os pais recebem todas as informações relevantes (os direitos dos pais, práticas educativas atuais, planejamento centrado-na-pessoa, notícias da escola etc.).
5. Os pais são incluídos nas orientações com a equipe escolar.
6. Os pais recebem informações sobre os serviços de apoio à família.
7. Existem à disposição de membros das famílias serviços de apoio na própria escola (aconselhamento e grupos de apoio, informações sobre deficiências etc.).
8. Os pais são estimulados a participarem em todos os aspectos operacionais da escola (voluntários para salas de aula, membros do conselho da escola, etc.).
9. Existem recursos para as necessidades especiais da família (reuniões, intérpretes da língua de sinais, materiais traduzidos etc.).
10. A escola respeita a cultura e a etnia das famílias e reconhece o impacto desses aspectos sobre as práticas educativas.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS ESCOLAS INCLUSIVAS

1. Um senso de pertencer:
- Filosofia e visão de que todas as crianças pertencem à escola e à comunidade e de que podem aprender juntos.
2. Padrão de excelência
- Os altos resultados educacionais refletem as necessidades individuais dos alunos.
3. Colaboração e cooperação
- Envolvimento de alunos em estratégias de apoio mútuo (ensino de iguais, sistema de companheiro, aprendizado cooperativo, ensino em equipe, etc.).
4. Novos papéis de responsabilidades
- Os professores assessoram, equipe multidisciplinar atuam junto aos professores nas salas de aula, todo o pessoal da escola faz parte do processo de aprendizagem.
5. Parceria com os pais
- Os pais são parceiros igualmente essenciais na educação de seus filhos.
6. Acessibilidade
- Todos os ambientes físicos são tornados acessíveis e, quando necessário, é oferecida tecnologia assistiva.
7. Ambientes flexíveis de aprendizagem
- Espera-se que os alunos se promovam de acordo com o estilo e ritmo individual de aprendizagem e não de uma única maneira para todos.
8. Estratégias baseadas em pesquisas
- Aprendizado cooperativo, adaptação curricular, ensino de iguais, instrução direta, ensino recíproco, etc.
9. Novas formas de avaliação escolar
- Dependendo cada vez menos de testes padronizados, a escola usa novas formas para avaliar o progresso de cada aluno rumo aos respectivos objetivos.
10. Desenvolvimento profissional continuado
- Aos professores são oferecidos cursos de aperfeiçoamento contínuo visando a melhoria de seus conhecimentos e habilidades para melhor educar seus alunos.

TRECHOS DA DECLARAÇÃO DE SALAMANCA (UNESCO, 1994)

(Educação inclusiva: Capacitar escolas comuns para atender todos os alunos, especialmente aqueles que têm necessidades especiais.)
(Princípio da inclusão: Reconhecimento da necessidade de se caminhar rumo à - um lugar que inclua todos os alunos, celebre a diferença, apoie a aprendizagem e responda às necessidades individuais.)
(Todo aluno possui características, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem que são singulares. Os sistemas educacionais devem ser projetados e os programas educativos implementados de tal forma a considerar a ampla diversidade dessas características e necessidades.)
(As escolas devem acomodar todos os alunos independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas ou outras. O desafio para uma escola inclusiva é o de desenvolver uma pedagogia centrada no aluno, uma pedagogia capaz de educar com sucesso todos os alunos, incluindo aqueles com deficiências severas.)
(0 princípio fundamental da escola inclusiva consiste em que todas as pessoas devem aprender juntos, onde quer que isto seja possível, não importam quais dificuldades ou diferenças elas possam ter. Escolas inclusivas precisam reconhecer e responder às necessidades diversificadas de seus alunos, acomodando os diferentes estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando educação de qualidade para todos mediante currículos apropriados, mudanças organizacionais, estratégias de ensino, uso de recursos e parcerias com suas comunidades.)
(Os currículos devem ser adaptados às necessidades dos alunos e não o inverso. As escolas devem, portanto, oferecer oportunidades curriculares que se adaptem a alunos com diferentes interesses e capacidades.)
(A fim de acompanhar o progresso de cada aluno, os procedimentos de avaliação devem ser revistos.)
(Aos alunos com necessidades educacionais especiais devem ser oferecidas diferentes formas de apoio, desde uma ajuda mínima em classes comuns até programas adicionais de apoio à aprendizagem na escola, bem como a assistência de professores especialistas e de equipe de apoio externo.)